quarta-feira, 15 de julho de 2009

Paranoid

Voltar para casa é apenas um fato passível de ser adiado.
Certas coisas, coisas bobas, me consomem de tal maneira... ontem eu era confiante, nariz em pé, observando - olhando no olho mesmo - as pessoas na rua e hoje, veja só, mal levanto o rosto, tudo me cai mal e o que mais quero é um buraco discreto e escuro, um esconderijo do mundo. Nos fones de ouvido, a seleção de músicas tristes alimenta a auto-flagelação e todas aquelas coisas, as coisas bobas, ficam revoando em cículos em volta de mim. Minha aura quase sangra. E ainda essa sensação horrorosa, que me persegue a semanas, de que o mundo me olha com aqueles olhos avaliativos que querem descobrir algo a mais, como se já tivessem me visto. Daí eu fico logo preocupada se meu zíper tá aberto, se o cabelo está estranho ou se saiu alguma coisa comprometedora sobre mim na internet e as pessoas estão deliberadamente me reconhecendo nas ruas. E, nesse último caso, o quê seria!? O que poderia ser!!? Só se fosse montagem...
Devo mesmo estar em dias ruins.
Tem também a crise criativa... não vou me delongar sobre isso. Estou determinada a resolver.
Estou também cansada dessas coisas de terceira pessoa - singular ou plural. Mas, se mudo, perco a essência do reduto. E também sei que daqui a pouco mudo a idéia. Não importa. Não é isso que me preocupa... é essa loucura que me abraçou de uns tempos pra cá num estágio quase enfermático que parte de mim é consciente, mas que tem outra que só que se fazer consumir.
Tenho dias de vontade de matar.
Tenho dias de vontade de morrer.
Vejo filmes sobre ter esperança, sobre se libertar do passado e sobre recomeçar a vida, mesmo que haja dor.
"Esquecer, não é perdoar" já dizia o palhaço. "Se consagrou, sangra agora."
Quero muito sangrar.
Mas ainda não é tempo de consagração.
Quero muito sangrar. Ralar o joelho, levar um soco na cara e cuspir uns dentes, cortar o supercílio. Saber que ainda estou aqui. Que esta carne sou eu. Porque nunca quebrei nenhum osso nem tive hematomas causados por esportes. Aliás, ninguém me incentivou os esportes.
Acho sim que fizeram pouco por mim.
Ouvi hoje "Mas você não gosta disso!". Era um suco em pó de morango que eu passei anos rejeitando e ontem resolvi comprar logo uns 3 pra fazer estoque porque descobri a pouco tempo que é bom. E tive de ouvir reclamações sobre estar gastando dinheiro atoa e com "coisas que eu não gosto". Então me vem a mente um dizendo "Já passei dos quarenta! Não tenho mais idade pra mudar!" e o outro, antítese, "É... cinquenta anos... estou ficando um ano mais jovem!". Penso enfim que não quero ser como o primeiro, morto em vida, e retruco mentalmente "Se você não consegue mais descobrir novos sabores pra vida, mô beim, problema teu. Eu consigo.".
Tenho direito de mudar e pretendo exercê-lo até o fim dos dias.
Queria muito que as pessoas parassem de me olhar estranho. O que foi que eu fiz!?
Quase chorei de saudade hoje na rua.
Tenho saudades, menina.
Fico, como sempre, imaginando, nos meus passos vagos pela rua, o nosso futuro de paz.
Quero música pela casa, o sanduíche que só você sabe fazer, um bom vinho - que você fará cara feia toda vez que eu beber - e muitas coisas mais. Eu passaria dias falando e escrevendo o que quero. Acima de tudo quero você. Pra sempre. Meu porto seguro...
Quero agora esquecer tudo isso...
Ver um bom filme...
E lembrar de você.

1 comentários:

Mariana Costa disse...

Ô, amor... e como eu tenho saudades de você!

Sabe, outro dia estava falando com a minha mãe sobre isto, sinto falta da época que ia pra sua casa no sábado de tarde, às vezes sem motivo nenhum, só pra ficarmos a toa juntas.

Lembra daquele tempo em que o radio e a tv ficavam ligados e nós de papo pro ar até de noite?

Pré-balada, pós-balada, o "durante" e os comentários da semana! auhauhauha


Moça, é que esse tempo é difícil, eu sei.
Esse "voltar pra casa" é uma merda quando você sabe que lá só vai encontrar coisas que vão te chatear.

Sei lá, sempre fui de falar sobre construir um mundo melhor, um mundo mais leve e justo. Hoje sinceramente tenho duvidas sobre a possibilidade de conseguir isso na totalidade que outrora imaginava. Enfim.. mas eu sempre acreditei que se não é possivel abraçar o mundo, dá pra pelo menos fazer pelos nossos, cuidar de quem tá perto da gente e rezar para que todos pensem assim.

Menina, estou aqui pra cuidar de você porque eu te amo.
Porque eu te amo.

É isso..
Puro e simples.