terça-feira, 27 de julho de 2010

Ontem


Estou há um tempo só vivendo. Pura e simplesmente vivendo. Aliás, vivendo não: sub-vivendo. Seguindo o fluxo, sabe como? E não gosto disso. Não era pra ser assim...
Porque sou dessas pessoas que gostam de reparar a sombra da fumaça que sai das coisas e quem têm certeza de que se fixarem bem o olhar, conseguem dimensionar a exata distância do ponto na Terra onde estão até uma estrela, por exemplo, e concluem com satisfação: é longe pra caramba! Dessas que só acham seu lugar no mundo quando olham pra cima e escutam silêncio em volta. Dessas que sonham com um lugar em que existam mais pessoas educadas, esclarecidas e bem vestidas do que o lugar que habitam atualmente. Dessas que ainda acreditam que vai passar...
É que hoje quase fui despedida por um problema antigo: atrasos. Eu sinto muito sono pela manhã. E meu chefe ainda vem com a máxima dos últimos tempos: você está feliz aqui? O que ele espera que eu diga? Que não!? Oras, eu tenho contas a pagar, meu amigo!
Esse tem sido praticamente o bom dia dele pra mim: você está feliz aqui? Aff... quer que eu enumere?!
Ocorre que sempre analiso as coisas pela profundidade maior que acho que têm e, nesse caso, concluo que o buraco é freudiano e bem mais embaixo, mas deixa pra lá, não estou em condições de levantar guerras.
Juntando-se o cansaço de 3 dias de viagem, o dia – que já começara às 11h da manhã – se tornou mais angústia, mais estafa, mais desolador. Porque Edson Marques me questionou uma infinidade de coisas que culminaram num atordoante “o que é que você quer da vida?”. Porque ele tem razão quando diz que não dá pra transformar a musa em esposa e eu que preciso de dias longe pra sentir quase perda, já me corrôo de saudades dela. Porque tomei consciência do quão displicente tenho sido com minha amiga. Porque sei que tenho de me empenhar mais nos projetos paralelos para que isso possa mudar. Porque tem algumas frases que preciso dizer: / Meu amigo, me desculpe o não-retorno sobre seus projetos. / Minha amiga, toma um café comigo e me fala horas da sua vida.. assim, sem mágoas? / Meu amor, dança comigo um pouco no precipício, mas assim.. do meu jeito?..Que não é implicância não, é só que não quero esses dias dançar sozinha, mas, ainda assim, queria escolher a música. / Me dá a mão; alguém?... / Pula comigo? / Me leva pra sair? / Me deixa esquecer que amanhã existe... / 5 doses de tequila, por favor.
Preciso de uns dias de expurgo e poder fazer do meu jeito.

1 comentários:

Mariana Costa disse...

Meu amor, pode escolher a música.
E quando você chegar em casa depois de um dia ruim, vai ter um belo strogonoff na mesa.

Meu amor, pode escolher a música.
Eu, que também preciso desses dias um pouquinho longe, só um pouquinho, estarei sempre aqui.

Meu amor, pode escolher a música.
Enquanto dançamos conforme ela toca, você me conta seu dia.

Meu amor, dias melhores virão...