quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Hoje

Hoje é um daqueles dias neutros...
Não está mal, mas não é que esteja bem.
Consegue até sorrir e ajudar os outros sem sentir pena de si mesma antes... ou depois.

Hoje é um daqueles dias neutros.
Um daqueles nos quais as coisas começam a querer pensar em se acertar...
Daqueles que a cabeça começa a esquentar as turbinas num esforço sincero pra funcionar.
E existe até um certo entusiasmo, afinal amanhã há compromissos e, por isso, é preciso se organizar..
Que bom... há motivo.
E motivo já é um bom passo.
Motivo é quase motivação.

Mas sabe que não é melhora
- se engana quem acha que é.
É só um dia menos ruim que gosta de chamar de neutro.
Os dias bons vão demorar.
Ainda há mágoa, muita mágoa
E é quase como mancha de vinho tinto que secou na roupa nova
(é que só queria, uma vez só, trilhar esses estradões acompanhada... com gente com quem gosta de rir rindo ao seu lado pela madrugada... sentir o vento frio da noite e se aconchegar no calor de braços conhecidos... e enxergar com mais que um par de olhos a primeira vista do paraíso.)

Ainda há mágoa...
E por um bom tempo haverá.
Por um lado há desejo de mudança.
Por outro, tem um intenso e sonoro "deixa queimar".

...

Mas hoje... hoje é só um daqueles dias neutros.
deixa passar...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Colombina

Eu tinha uma amiga.
Eu tinha uma irmã.
Eu tinha ironias bem-vindas
E uma acidez astuta.
Eu acreditava piamente ter um amigo sincero debaixo daquela carcaça de ogro.
Mas eu só o inventei.
Eu acreditava ter uma amiga turrona que só não sabia falar muito bem de si mesma,
Mas sabia falar muito bem.
E eu queria ser ela
- ao menos em parte -
E eu acreditava que ela era um pouco minha mãe.
E eu acreditava que as pessoas gostavam de mim,
Mas eles só me temiam.

Esse carnaval eu vou ter de pular sozinha
E não vai ser tão ruim assim.
Bom, eu vou ter de segurar...
Afinal, não dá pra simplesmente dizer tchau e pronto, acabou... não é?
Não é assim... simples. Nunca vai ser.

Esse carnaval eu vou pular e cantar marchinhas com dor.
Sabendo que quem está do meu lado não está.
Não por mim. Com certeza não.

Eu vou pular. E cantar.
E chorar.
E seguir.
Porque é assim que é...
É assim que segue.
Sem refrão.

Eu tinha uma amiga.
Eu tinha uma irmã.
Eu tinha um primo-quase-irmão.
Eu tinha fãs.
Eu tinha certeza de que tudo era real..
E sincero.
Mas eu inventei tudo isso.

Eram só idéias.
E elas se deram as mãos e alçaram vôo em busca de algo mais
E me deixaram pra trás.
E não é que eu não tenha asas.
E que eu não sei voar.
Nem me desapegar.
Nem esquecer.