quinta-feira, 9 de junho de 2011

Looking back...

O cachorro-quente que chega morno à boca por conta da ventania no trajeto de menos de 20 metros da barraquinha até o carro na noite gelada de quarta-feira empurra garganta abaixo o pesar de voltar à pequena cidade tão pouco querida.

O mais difícil mesmo é todo o trajeto: de ônibus os quilômetros parecem multiplicar-se e, a cada parada, tudo parece ainda mais distante. Dá tempo de ver um filme completo, gastar a bateria do mp4, folhear uma revista e ainda falta chão pra chegar no destino. E não tem outro jeito, você tem que concordar quando o motorista se confessa desolado em ter de entrar na bendita cidade porque você é a única passageira a descer lá e, se não fosse por isso, ele nem passaria perto de lá, “aquela cidadezinha complicada” como ele mesmo disse.

Pode parecer natural pro resto do mundo, mas essa despedida com abraços e beijos e “boa viagem” pra mim ainda é uma completa estranheza com uma pontada de desconforto. “Você tem que se desapegar desses problemas... entender que as pessoas são como são e não é por mal que elas fazem o que fazem... as coisas não vão ser sempre da forma como você imagina.”. Eu sei... eu sei! Melhor... eu deveria saber. E se soubesse, não precisaria pagar pra que alguém me dissesse isso e então eu estaria bem. Mas não é.

O diploma não está lá quando eu preciso, a entrega da documentação é complicada, a carteira de estudante não pode ser expedida... as coisas não saem como eu planejei e eu não sei lidar bem com isso. Tem sido difícil. Tem sido difícil mudar. E mudar a maneira de ver tudo isso, mais ainda.

Abri a porta daquele apartamento no sábado e chorei. E perguntei, por vezes, “por quê?” querendo gritar... tentando ouvir uma resposta que não vinha. Daí ela me abraçou e finalmente quis conversar e foi tudo da forma como eu imaginava e por um momento eu consegui me desvencilhar de todos aqueles sentimentos de raiva e rancor e pensar “meu deus, como ela está velha”... por alguns instantes ela me pareceu tão velha... e eu senti que passei anos longe e finalmente estávamos ali e ela estava, céus, tão velha... cansada, como se os nos tivessem sido muito duros com ela... como se ali também habitasse dor e, afinal, não era o que eu queria?? Que ela também sentisse dor? Essa dor que eu sinto, que me corrói, que me impede de seguir em frente e que eu não largo?? Não era isso? Céus, como estava velha... ali, naquele instante eu me perguntei se tudo seria resolvido assim, numa conversa, numa única conversa. Não, não seria assim... não vai ser. Tudo isso é um grande e maciço comprimido que vai demorar a diluir e entrar na corrente sanguínea... vai levar tempo. Aquele quarto ainda me sufoca... aquela casa ainda me suga... a presença dela e tudo mais que ela fala nos seus pequenos preconceitos diários ainda me agridem. Vai levar tempo...

Mas pisei naquela terra mineira querendo voltar. Querendo um lugar pra chamar de meu...

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